A consultora JLL vendeu casas a 24 nacionalidades em 2015, o que contrasta com as 15 nacionalidades envolvidas no ano anterior. É o sucesso português realçado por Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL Portugal.
“Portugal está na moda porque passou a ser um país credível!”. Esta foi uma das afirmações fortes de Pedro Lancastre, o diretor-geral da JLL Portugal, durante a recente apresentação do relatório sobre o setor residencial em Lisboa – “Mercado Residencial – Dinâmica Inigualável” – e que contou com a base de informação da recém-adquirida Cobertura.
Sublinhou que o grande “motor” deste crescimento do setor e consequente crescimento da atividade de construção civil ligada à reabilitação, teve a ver com a alteração à Lei do Arrendamento. Mas alertou: “É preciso que (as regras) se mantenham nestas linhas e que não haja grande retrocesso, pois só assim captaremos investimento internacional”.
Mas, claro, nem só de credibilidade vive o investimento, mas antes de um cocktail que envolve segurança, clima, infraestruturas, conhecimento de línguas, luz, gastronomia e muito mais, disse o mesmo gestor.
“Vivemos uma dinâmica inigualável”, sustentou Patrícia Barão, a responsável pela área do residencial na JLL. O setor ainda está longe do “boom” de 2008 quando foram vendidas 120 mil frações em Lisboa, mas aproxima-se com as 107 mil unidades transacionadas em 2015, e a dinâmica não para de crescer, pois cerca de 20% das unidades vendidas foram novas. O crédito à habitação veio dos 171 milhões de euros em 2013 para os 334 milhões de euros em 2015. Entretanto, os compradores portugueses começaram a utilizar mais capitais próprios, sendo que os preços subiram em média 18% no setor residencial de 2013 para 2015.
Os bairros
Falar de localizações em Lisboa neste estudo da responsabilidade da JLL, é falar de bairros destinados aos segmentos médio/alto e alto. A Av. da Liberdade é a zona mais emblemática da cidade. Desde 2012/2013 que se assiste a uma transformação com o projeto residencial “Ópera” e neste “super prime”, como lhe chama Patrícia Barão, a Avenida tem mais habitação, hotéis e escritórios. O Chiado é uma zona trendy, com museus, prestígio e ótimas vistas e tem os preços mais elevados do mercado.
A zona do Príncipe Real e S. Bento é conhecida pelos palacetes e por ser trendy, tem marcas internacionais alternativas que escolhem a zona para entrar no país. A zona histórica da Baixa e Castelo está a ser totalmente reabilitada e onde se investe sobretudo para apartamentos turísticos e já se pede 6500 euros/m2 sem estacionamento.
A zona Ribeirinha tem como âncora o mercado da Ribeira e a nova sede da EDP, um edifício grande dentro da cidade. É uma área com muitos prédios para reabilitar e que está a criar uma dinâmica para clientes mais jovens e apostados no short term.
A Lapa é procurada pelas elites nacionais, tem empreendimentos de luxo e o target é famílias para habitação própria.
A zona de Campo de Ourique/ Amoreiras regista um ótimo comércio local e de serviços, tem forte procura nacional e já começa a ter apetência para projetos novos. É um bairro com boa rede de transportes e os investidores procuram ativos de longa duração.
As Avenidas Novas têm boas acessibilidades e têm grande dinâmica comercial, sobretudo na zona de Alvalade. A procura é sobretudo doméstica. A Colina de Santana é um bairro antigo e a “joia” é a Mouraria. Tem potencial para pequenos prédios para promoção imobiliária, sendo que à medida que a zona vai sendo explorada começa a ter atratividade para investidores mais pequenos.
A JLL diz que no futuro haverá uma dinâmica interessante neste bairro. No Restelo/Belém há uma boa oferta de colégios e prevalece a procura doméstica; enquanto o Parque das Nações foi o bairro eleito por quem procurava os Golden Visa, sobretudo os investidores chineses, sendo uma zona nova da cidade, lembrando-lhes as respetivas cidades.
No Estoril/Cascais há o supre-luxo com preços que atingem os 12 mil euros/m2. Mas hoje já se procura terra para construção nova e zonas como Campo de Ourique, Amoreiras ou Entrecampos são locais de eleição. Os 12 mil edifícios que o vereador Manuel Salgado identificava há 18 meses e que seria o número de edificado a reabilitar, está ultrapassado. Hoje poderá ser metade.
Por Vítor Norinha/OJE